Eu e meu companheiro, Theo, sonhávamos em fazer uma viagem longa de moto, então escolhemos Montevidéu para esta aventura.
Planejarmos fazer toda a viagem em apenas 10 dias, para não deixar o filhote muito tempo sem a nossa presença.
Algumas pessoas disseram que eram os loucos e eu respondi que sim, somos loucos pela VIDA.
Preparamos nossa bagagem, colocamos apenas o essencial e fomos.
Partimos de BH no dia 15 de Março logo pela manhã, nosso primeiro destino para pouso foi no estado de São Paulo. Nos primeiros 200 kms dói tudo; dói perna, doi bunda, dói as costas…… por isso é preciso fazer pequenas paradas para alongar o corpo com passar do tempo vamos nos adaptando e não sentimos mais tanto incômodo.
Dormimos em Itapecerica da Serra que faz parte da grande São Paulo.
Putssss… a sensação de que a primeira etapa da viagem foi concluída é ótima.
Nos organizamos no quarto do hotel e fomos traçar a rota do dia seguinte.
Logo cedo com o sol nascendo, saímos em direção a Curitiba, eu queria muito conhecer o Jardim Botânico e seu Palácio de Cristal. Foi uma visita rapidinho mas que valeu muito a pena.
Em cima da moto, na garupa, você tem muito tempo para pensar. Eu chamo de terapia do capacete, passa um filme ali dentro, este foi o momento em que eu aproveitei para conversar comigo mesmo rsrsrsrs e também começar novos sonhos.
A viagem é longa e dá para sonhar muito.
De Curitiba partimos para Florianópolis e descansamos por lá mesmo, passamos apenas a noite na cidade e não foi possível aproveitar suas belas praias. Precisávamos ir pois tinha muito chão pela frente ainda. Descemos a Serra, até aqui nos trechos foram de curvas e retas curtas, mas logo após Santa Catarina começamos uma viagem em linha reta.
Meu Deus!!!!!! parecia que não tinha fim. O Vento do Litoral te empurra sem dó, a paisagem, plana cria uma visão única e um cansaço mental, nesta hora um radinho com uma boa seleção musical ajuda.
UFA !!!!! Porto Alegre a frente. Ficamos eufóricos por ter chegado aqui, caramba agora falta pouco, foi o que pensamos. Havia um grande movimento de carros e motos na cidade e logo que paramos para abastecer, já fizemos amizade com um casal de motociclistas.
Eles estavam indo para um evento em Triunfo, o convite foi tentador, mas colocamos na balança que a mudança de rota iria atrasar muito a nossa viagem. Deixa pra próxima, agora que mais queremos era chegar ao Chuí.
Ainda temos um grande trecho de retas na nossa frente, apesar de alguns motociclista indo e voltando de suas viagens a estrada é muito deserta, não há ponto de apoio e postos de gasolina ficam a cada 100 Km um do outro. É preciso abastecer quando ver um, para não ficar parado pelo caminho, pare apenas para fotos.
Em uma dessas paradas fomos avisados que estava chegando uma frente fria no Uruguai e que íamos ter que tomar cuidado. Na hora não entendemos muito bem o que estava nós aguardando.
Um pouco antes de Chuí, paramos para fazer a carta verde, documento necessário para dirigir ou pilotar no Uruguai. O valor do seguro é cobrado de acordo com os dias de permanência no país.
Em fim chegamos no Chuí. Que não é logo ali.
Tivemos mais um momento de euforia, chegamos no Chuííííííí, claro paramos para uma foto na placa. Coisas de motociclista.
Chuí é meio confuso, acho que toda a mistura cultural, Brasil e Uruguai gera um certo caos. logo á frente a aduana Uruguaia.
Lembram do aviso na estrada sobre a frente fria? Agora entendemos o porquê, nunca vi nada igual, uma nuvem negra gigante com raios, o dia virou noite.
Tive medo, muito medo, estávamos indo em direção a tempestade, e quanto mais nos aproximávamos mais medo eu tinha. Nós achamos melhor voltar e procurar abrigo, paramos em restaurante de estrada e a tempestade chegou logo em seguida.
O dono do restaurante muito gentil nos orientou a esperar ela diminuir pra seguirmos viagem. E assim fizemos, assim que ela diminuiu um pouco colocamos as roupas de chuva e fomos com dificuldade até a cidade mais próxima.
Rocha uma pequena cidade onde paramos para dormir e nos recompor da chuva pois mesmo protegidos com a roupa, ficamos muito molhados. Usamos toalha e secador para secar tudo.
No dia seguinte a tempestade havia passado e o sol deu o ar da graça. Saímos para conhecer a cidade, suas guloseimas e ver um pouco da rotina dos moradores, fiquei agradecida pela chuva, que gracinha de lugar um sossego só.
Mas nosso destino ainda estava longe dali, então foi preciso despedir de rocha e partir.
Agora em uma estrada mais movimentada e com um visual muito diferente das estradas do Brasil, passamos por Punta del Leste e seguimos a Montevidéu. Chegamos na hora do almoço, passamos pelo centro e paramos para almoçar.
Seguimos para a região do porto era naquele lugar que eu queria ficar, deixamos a moto na rua e fomos a pé procurar um hotel.
A cidade é linda, calma e com pouca poluição visual. As pessoas caminham tranquilas sempre carregando uma garrafa de água quente para fazer o seu mate. Eles param para almoçar como se o relógio parasse também, os restaurantes estão sempre com as mesas postas á espera de um cliente, no mercado Dell Puerto, a pouca luz ambiente, cria um clima romântico e agradável para saborear o famoso assado (nosso churrasco) e um bom vinho.
No final da tarde todos vão para a orla caminhar e observar o belo pôr do sol e tomar um mate.
Incrível a paz deste lugar.
Ao cair da noite a temperatura cai, mas é gostoso caminhando nas ruas como minar as amareladas criando um ar de filme.
Na manhã seguinte fizemos um passeio uma cidade muito falada por lá, Colina pequena encantadora de lá é possível pegar uma balsa e fazer uma travessia de balsa que dura uma hora até Argentina (Puerto Madero), um passeio que vale muito a pena fazer.
Agora já é hora de começarmos nosso caminho de volta ao Brasil, saímos daqui com vontade de ficar mais um pouquinho e aproveitar deste lugar incrível, voltamos com a sensação de que podemos chegar onde quisermos e que sonhar é preciso para viver.
Cada dia até aqui nos ensinou que a nossa maior bagagem está no coração e que há sempre um espaço a ser preenchido com novos conhecimentos.
Aprendemos a respeitar ainda mais nosso limite, a saber parar e esperar a hora certa, aproveitar os imprevistos com bons olhos, aprendemos que o tempo não obedece o nosso comando, corremos mas ele anda no tempo certo. Aprendemos que o medo é necessário para que você o enfrente e ganhe ainda mais coragem, aprendemos que uma viagem de moto é preciso equilíbrio do corpo mente e da alma. E que voltar é preciso para começar uma nova história.